Então aconteceu que, um ex-colaborador, o Wlamir Torrentes, atuando já por 25 anos na Instituição e por muitas ocasiões, na minha trajetória na ABBR, ajudando-me nas atividades diárias, apresentou-me documentos manuscritos pelo fundador, idealizador da ABBR, Fernando Ielhy de Lemos. Ao ler os textos, fui tomado pela emoção e compreendi melhor a fase histórica da ABBR. Já tinha muitas informações do Fernando Lemos, inclusive sabia da sua importância, tanto que em 18/12/2013, ao inaugurarmos as instalações do novo prédio, onde se localizam no térreo: áreas de saúde, capela, escola e no 1º andar a Administração, sugeri e foi aprovado pelo Conselho Voluntário o nome do local como “Edifício Fernando Iehly Lemos.”
Organizei com o Wlamir os textos e fiquei empolgado pela história, que decidi compartilhá-la publicamente pela importância de quem foi e continuará sendo o Fernando Iehly Lemos – o idealizador da ABBR.
Ao organizar esta publicação em toda a fase de leitura e revisão marcou-me na história do Fernando Lemos a sua árdua trajetória, do sucesso como renomado arquiteto da sua época, a bela história familiar, “ao acaso” da vida, que no apogeu empresarial foi surpreendido com a doença do seu querido filho, José Maria.
À vida do Fernando Lemos posso atribuir-lhe esta citação: “Qualquer pessoa que ajude os outros a descobrirem o impacto causado por aquilo que faz diferença ajuda a si mesma, ajuda os outros e faz de seu caminho no mundo um lugar melhor para se viver. Quem não gostaria de estar perto de pessoas que acreditam em si mesmas e nos outros, que têm esperança e trabalham de forma positiva para resolver problemas e vencer dificuldades? ” (The art of life)
Tendemos buscar destino pessoal na soleira da sorte impessoal não porque nossas escolhas não tenham impacto sobre o itinerário de nossas vidas.
O destino de Fernando Lemos não foi sua “sorte”, algo que não dependeu dele.
No itinerário da sua vida, o impacto da doença poliomielite, que assolava a América e, até então, pouco conhecida no Brasil, chegou ao Rio de Janeiro, dizimando famílias e, em fevereiro de 1952, alcançou a vida do seu querido filho, José Maria, aos 14 anos de idade.
A partir deste infortúnio, a vida de Fernando Lemos mudou e Ele passou, então, a uma incessante dedicação pela felicidade, pelo amor, pelos cuidados para a adaptação de nova vida ao filho, em uma época no Brasil que não existiam tratamentos especializados, profissionais capacitados, pois não existia a profissão de Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais.
Então surgiu a ABBR, por Fernando Lemos. Leiam esta história. Tudo se resume à vida de um “gênio” do seu tempo (foi um inventor, arquiteto “brilhante”) uma personalidade marcante. Reconhecido, mencionado pelo escritor Paulo Coelho, Revista Quatro Rodas, “site” dos Inventores, Wikipédia, apresentado no capítulo 5 deste livro.
Um dos inventores do câmbio automático para automóveis patenteado em 1930 e vendido a General Motors em 1932. (Foram dois brasileiros: Fernando Lemos e José Braz Araripe – tio de Paulo Coelho)
Nossas vidas, quer saibamos ou não e quer saudemos ou lamentemos, são obras de arte. Para viver como exige a “arte da vida”, devemos estabelecer desafios que são (pelo menos no momento em que estabelecidos) difíceis de confrontar diretamente; devemos escolher alvos que estão (ao menos no momento da escolha) muito além de nosso alcance, e padrões de excelência que, de modo perturbador, parecem permanecer teimosamente muito acima de nossa capacidade (pelo menos a já atingida) de harmonizar com o que quer que estejamos ou possamos estar fazendo. Precisamos tentar o impossível. E, sem o apoio de um prognóstico favorável fidedigno (que dirá da certeza), só podemos esperar que, com longo e penoso esforço, sejamos capazes de algum dia alcançar estes padrões e atingir esses alvos, e assim mostrar que estamos à altura dos desafios.” (The art of Life – Zyamunt Bauman )
Assim agiu Fernando Lemos ao longo da sua trajetória. No final foi, a sua vida à ABBR!
Aquiles Ferraz Nunes
